Quais são as causas do aquecimento do mercado de seminovos?

O ano de 2020 foi marcado por uma série de oscilações no mercado. Dentre alguns dos setores afetados, o automotivo foi um dos principais, visto que após uma pequena retração no começo da pandemia, desponta com um novo aquecimento, principalmente, no mercado de carros seminovos.

Alguns fatores começam a explicar este fenômeno, pois de um lado temos muitas pessoas se desfazendo de seus veículos e do outro uma parcela significativa de consumidores em busca de opções para comprar carros seminovos ao invés de um automóvel novo.

Causas e efeitos: motivos que levam a busca de seminovos

De acordo com os especialistas do setor, os seminovos vêm ganhando espaço e alcançando números expressivos em vendas no momento, pois com o poder de compra reduzido e em meio às incertezas causadas pelo cenário nacional, o consumidor que antes buscava um carro zero, agora procura opções igualmente vantajosas e com preços mais atrativos.

Essas características são encontradas, na maioria dos casos, em modelos de carros seminovos. Outro fator é que em busca de mais equilíbrio financeiro, quem tinha mais de um carro na garagem tem buscado vender seus veículos sobressalentes.

Segundo uma pesquisa realizada pela WebMotors, em maio deste ano, 68% dos respondentes afirmaram terem em seu planejamento a intenção de comprar um carro usado. Isso mostra uma mudança significativa no perfil e comportamento de consumo, que promete se manter após a pandemia.

A dificuldade no fornecimento de matérias-primas também é um fator que tem afetado o mercado automotivo. Dessa forma, as montadoras de veículos têm encontrado certa dificuldade para entregar os carros novos dentro do prazo habitual. Com o prazo de entrega muito elevado, a demora para receber tem contribuído para que a procura por seminovos esteja maior.

Perfil das vendas em 2020

Com a queda na venda de carros e dos comerciais leves novos no início da pandemia, o estoque das concessionárias ficou parado. De acordo com o Estudo de Performance de Veículos Usados, realizado pela empresa de consultoria em distribuição de veículos MegaDealer, em parceria com a startup AutoAvaliar, os pátios das concessionárias chegaram a ter carros para 69 dias de vendas após o primeiro mês de pandemia, o índice mais alto registrado em 2020.

Vantagem para o consumidor, já que quando o estoque costuma passar de 60 dias, há a preocupação de que o capital concessionário esteja parado. E a necessidade de fazer caixa costuma deixar as taxas dos veículos menores e, consequentemente, reduz o preço final dos veículos. 

Os modelos com até três anos de uso são aqueles que têm concentrado o maior número de vendas, já que o valor final sofreu uma queda mais expressiva se comparado com os veículos usados, por exemplo. 

Transporte público x carro próprio

O isolamento social e o fato de que as aglomerações ainda são um ponto de atenção para a população também contribuíram para o aquecimento do mercado de seminovos. Isso porque muitas pessoas, com medo de pegar o transporte público ou por aplicativos, acabaram considerando a compra de um carro para se sentirem mais seguras e evitarem uma possível contaminação.

Porém, mesmo sendo um fator que impactou a rotina, somado a isso ainda existem fatores macroeconômicos que favorecem o aumento na porcentagem de seminovos vendidos. Dentre eles temos a taxa Selic, que caiu novamente em agosto, e contribuiu para a redução nos juros.

Com preços mais atrativos, é possível conseguir comprar seminovos que tenham opcionais e acessórios que nem sempre cabem no orçamento quando a compra é de um carro zero. Assim, a possibilidade de conseguir um veículo seminovo mais completo por um preço geralmente menor é um dos aspectos que prometem tornar ainda mais promissor este mercado para os próximos meses.

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